Combater com Ideias, lutar por Portugal!

Friday, April 08, 2005

Para proporcionar o debate de Ideias

Com génese em militantes do CDS do distrito de Setúbal, foi ontem entregue a Moção "Combater com Ideias, Lutar por Portugal!"

Apoiada por um significativo número de militantes de norte a sul do país, os seus proponentes, encabeçados por João Titta Maurício, ponderaram elaborar um texto pois, «nesta hora, que é importante, que é difícil, que é decisiva, não são admissíveis nem calculismos, nem tibiezas, nem hesitações tácticas: Exige-se a todos que, acreditando poder contribuir para futuro do CDS e para as ideias que nos movem, exerçam a coragem da participação na discussão do rumo e do futuro que queremos».


Para nós «a noite de 20 de Fevereiro de 2005 foi uma desilusão, uma lição e um desafio.
«Uma desilusão porque o comportamento responsável e positivo praticado pela generalidade dos governantes e altos quadros da Administração Pública ligados ao CDS mereciam uma avaliação mais atenta e mais justa por parte dos eleitores.
«Uma lição que provou a inconveniência da excessiva uniformização no discurso, o risco de uma elevada personalização da liderança e o erro da confusão política entre a voz e os interesses do Governo e a voz e os interesses do CDS e dos seus eleitores. Ao descurar a defesa dos seus eixos de combate em nome de comandos tácticos que não conhecia, o CDS deixou-se entorpecer em nome da não hostilização de um parceiro que nunca verdadeiramente nos considerou e que constantemente se preparou para romper a coligação no momento que considerasse mais conveniente.
«Mas também um desafio. A todos para que mobilizem as suas energias para o combate ideológico que permita libertar Portugal da ditadura do “politicamente correcto”. Um combate ideológico que foi adiado nos últimos 30 anos. Um combate sem medos e sem complexos pois o Futuro de Portugal e dos portugueses não passa – nem poderá passar – pela vitória dos extremismos “esclarecidos” das esquerdas . Se o CDS souber – e quiser! – recuperar a iniciativa do debate de ideias e, com coragem e sem complexos, aceitar encarnar a modernidade das ideias da Direita e marcar a diferença em relação ao “bloco central de interesses” (com as suas ramificações radicais de esquerda), se aceitar e cumprir este desafio o CDS ganhará um espaço que tem faltado para alcançar o crescimento em apoio que tem escasseado».

Defendemos que se faça uma afirmação da diferença que marca e esclarece. Porque acreditamos que Portugal precisa de um CDS moderno, incisivo, apaixonado, com Causas e sem receio de as defender... mesmo quando isso é difícil: «em política, quem não pensa o que diz não diz o que pensa... e não faz o que deve! Mais vale defender aquilo em que se acredita, mesmo com o risco da incompreensão. A verdade compensa!»

Apresentamos apostados em lutar intransigentemente pela defesa da Vida Humana e a manutenção da unidade nacional e a urgência de uma descentralização como causas que o CDS não pode deixar de defender.
«As questões do aborto e da eutanásia não são questões de comportamento individual aceitável, mas procedimentos que causam danos graves e irrecuperáveis em terceiros que tem um direito tutelável (a Vida) mas uma capacidade jurídica de exercício diminuída. É da tutela desse direito que se trata. Porque só há esse Direito! Como poderemos ou não aceitar a “coisificação” da Vida e que dela se possa dispor em atenção dos interesses daqueles que, pela natureza das coisas e pelos Princípios mínimos de humanidade, deveriam ser os primeiros a lutar por eles.As questões do aborto ou da eutanásia não se referem a gostos, opções ou moralidades, mas apenas o cumprir da exigência de lealdade para com os mais fracos».

São várias propostas inovadoras para serem as "bandeiras" do CDS do futuro. A reforma do poder municipal («através do reforço das competências e aumento das disponibilidades financeiras das autarquias»), um novo modelo de desenvolvimento económico («uma nova abordagem da Globalização e o seu aproveitamento para a modernização da economia portuguesa, a consagração de uma nova cultura para o papel do Estado e da Administração Pública que permitam o emergir de uma nova cultura empresaria»), profundas mudanças no sistema fiscal («a aposta num sistema fiscal descomplexificado, baseado numa taxa única tão baixa quanto possível, sem abatimentos ou deduções») e uma nova abordagem das questões sociais («opor ao "welfare state" o "workfare state": mais do que a continuação do assistencialismo fiscal, o Futuro passa pelo auxílio à constituição de pequenos negócios»), a consagração da Liberdade como critério de prestação dos serviços básicos sociais («o acesso universal e gratuito a uma prestação básicas de serviços essencias não tem como exigência necessária e única que o Estado central seja o fornecedor directo e monopolista. Além disso, a Liberdade exige a possibilidade de escolhas, verdadeiras e concorrentes»). Além de propostas de revisão constitucional.

Esta moção propõe-se, antes de mais, discutir ideias... só depois se deverá abordar a questão da liderança. Só depois de sabermos o que queremos e para onde queremos ir, só depois faz sentido escolher quem liderará o caminho!


Baixa da Banheira, 5 de Abril de 2005

2 Comments:

  • é com todo o orgulho que sou subescritor desta moção e desde ja agradecer o honrroso convite para o ser. Ja fiz o trabalho de casa e ja pensei sobre ela e ela encaixa muito no que espero o CDS faça de dia 23 em diante, ou seja a defesa dos valores da democracia critã, sem sombra de duvidas. Penso que independente do candidato que for escolhido o importante e o partido nao perder a sua identidade enquanto marco da ideologia de direita em Portugal.
    Nao sao os resultados eleitorais que nos preocuopam e nos fazem abdicar do que somos e do que defendemos, nao baixaremos as nossas bandeiras por nao termos 10%; nao nos viramos a esquerda, como o DR Menezes, por termos o partido comunista a nossa frente; porque sabemos quem somos o que defendemos e para onde queremos ir.
    Quem seja adepto destas ideias venha por bem que sera recebido de braços abertos.

    By Blogger Tiago Cabanas Alves, at 9:36 AM  

  • Os temas-fortes desta moção parecem um retorno ao PP de Manuel Monteiro e, na essência, a uma combinação entre as bandeiras da Nova Democracia (o nacionalismo) com alguns velhos chavões que permanecem no CDS (a defesa da vida, o liberalismo).

    Mas mais importante do que tudo isto, acho que o CDS-PP precisa de resolver alguns dilemas quanto à sua matriz ideológica – é democrata-cristão, é neo-liberal, é conservador, é europeísta ou não, é tudo isso e nada ao mesmo tempo -, às suas características – é um partido de quadros ou de bases, prefere uma liderança personalizada ou semi-colegial, é elitista ou populista ? - e à sua estratégia eleitoral – é um partido que fala só para nichos eleitorais (reformados, veteranos da guerra, classe média ou o quê ?), é um partido que pretende abrigar os que se opõem ao “sistema” (como nos tempos de Monteiro) ou pretende ir à caça em todos os tabuleiros, mesmo sabendo que a natureza das coisas lhe impõe um tecto de 8-10% em dias bons ?

    A estas questões esta moção apenas apresenta resposta para o primeiro problema - definição ideológica claramente no campo do liberalismo e só em parte no da democracia-cristã -, deixando uma meia resposta quanto ao resto. No fundo, é uma moção que volta a querer "endireitar" o partido, levando-o para um campo de teórica pureza de princípios, mesmo se isso for à custa de eleitorado e do acesso imediato ao Poder. Digamos que é assim como que algo equivalente ao que se passou recentemente com o PCP.
    Parece coerente, mas não sei se, caso vencesse, não iria afastar muitos dos que gostaram de apanhar umas fatiazitas do Orçamento de Estado e uns lugarzitos ao Sol nos últimos anos.
    É que isto dos radicalismos puristas, tem muito que se lhe diga quanto à capacidade de os manter.
    Veja-se o exemplo do próprio Paulo Portas entre 1995 e 2002.

    By Blogger AV, at 10:39 AM  

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